O velho da barba rala
em tendo ido comprar o
leite do dia
e enquanto esperava que
o semáforo desse passagem
entreolhou as pessoas à sua
volta
que transitam na azáfama
que ele deixou de conhecer
(méritos da reforma).
Passa um autocarro à
pinha
e o chão debaixo dos pés
é como tremesse.
Noutro troar, agora
vindo dos céus,
um avião desce para o
aeroporto.
O velho
à medida que desenriça
dois pedaços de barba
indaga de onde virão as
pessoas naquele avião
e se somam mais fortuna
que as pessoas do autocarro.
O velho quase decai:
quase sente uma teimosia
a esbater-se
quando, num ápice,
se adivinhou na distante
cidade de onde viria o avião.
(Ele que nunca foi
cinquenta milhas longe de casa
e sempre teve medo de
apanhar um avião.)
O semáforo pôs-se verde
e pareceu que tudo parou:
ele era o único utente da
passadeira.
O avião foi à sua vida
o autocarro também
e o leite lá se fez, tépido,
ao pequeno-almoço.
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