Pegou
no copo de vinho
bebeu-o
até à última gota.
Bebeu
outro.
Três,
quatro
a
garrafa inteira.
Uma
segunda garrafa.
Julgava-se,
então, filósofo emérito.
Ensaiou
a hermenêutica
de
um poema mentalmente idealizado.
Sentia
as palavras indomáveis
brasonado
pela irrefreável criatividade.
Sentia
os pensamentos que vinham
com
a velocidade do vento sagaz.
Formalizou
páginas a eito
sem
cuidar de voltar atrás nos parágrafos.
Depois
se veria a gesta
quando
depois da alvorada
(e ainda
imerso em cefaleias próprias)
a lucidez
da sobriedade pudesse julgar
a lucidez
da embriaguez.
Tinha
medo.
Tinha
medo que à lucidez embaciada
creditasse
préstimo que julgava ausente
na
lucidez sóbria.
Depois
veio a contumaz interrogação:
como
podia ser a lucidez embriagada julgada
pela
lucidez da sobriedade
se
as duas se amanham por diferentes medidas?
Não
obteve solução para nenhum dos enigmas.
Nem
voltou ao despautério do vinho excessivo.
Sem comentários:
Enviar um comentário