Na fila para pagar a gasolina
olhou de lado para o espelho
que mostrava a sua silhueta
em vez dos gelados adriçados.
Um silêncio insólito
incómodo
trespassava o estabelecimento.
Ninguém queria falar.
Sentiu a ponte levadiça
para a humanidade sem remédio.
Ele há tanta gente a querer falar
impedida por tiranetes a destempo
e naquele lugar
todos renunciaram ao dever de falar.
Como o copo está sempre meio vazio
percebeu:
quem não tem
apurada coisa para pronunciar
que se remeta ao irremediável remendo
do silêncio.
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