Se a voz for meteorito
que leve no dorso
o ouro sem bandido.
Dizem
que somamos o conjunto dos verbos avessados
por mercê do estado iracundo
escondido nos contrafortes sem exibição.
Dizes
que sou asceta propositado
artesão despojado de artes
limitado à fala sem estribo.
É esta gramática ingénua
em páginas sem burel
que se levanta contra os compêndios
contra
os anacoretas devolvidos a torres de marfim,
manifesto válido em pétalas de granito
contra
os chás tomados em tenra idade
– o melhor critério para enviesar petizes.
Dizes
sem seres juíza em causa com guia de marcha
que não sabes como ser como sou
e um esteta de reconhecida linhagem
não o diria melhor.
Dizem
que o sangue furibundo que habita as veias
seria o pano de fundo para a tela
à espera
dos dedos providenciais dos voluntários.
Uma obra coletiva
apascentada nas ofertas diligentes
de muito briosos patrícios.
Em vez de medo
voluteia um velho disco
no som arranhado do seu muito uso.
Ninguém é feito
se não desta estreita margem.
De apeadeiro em apeadeiro
sem conservar os nomes na memória
azula-se o dia com o pressentimento do luar.
Os desencontros são a mestria dos contratempos
um desalinhamento estrutural
que nos coloca a destempo
reféns de lugares diferentes
notários de diferentes figuras de estilo.
Pois é estilístico,
e garbosamente recomendável,
alardear uma erudição que se não tem.
Assim como assim
a quase ninguém será dado saber da falácia
e em defesa do aparente erudito
há sempre a hipótese
de o confundir com um gongorismo.
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