16.6.22

Sobre a toponímia e outros requisitos históricos

Descubro as cortinas do avesso

e dos pespontos do olhar

elevo o céu um degrau acima.

As miragens não sucumbem à respiração

nem a maresia se acastela nos braços ávidos.

Se a praia disser um segredo

que fique por conta dos sortilégios

das obras inacabadas que dão nome 

à má engenharia.

A deserção dos lugares não os diminui.

Nem os lugares desertados são má companhia.

Se os esteios não rangessem de medo

a areia seria a cofragem dos bravos.

Os compêndios ensinam

que não se fazem lugares 

sem um punhado de bravos

os que arroteiam o terreno baldio

dele fazendo urbe bucólica.

No tira-teimas de uma ponte sobranceira

os senadores apessoados não deixam acasos soltos:

é deles a orquestra

e eles, 

em circunstanciada generosidade,

aceitam povoar a toponímia com seus nomes,

mas só para memória futura.

As cortinas do avesso

deitadas sobre as placas 

que reinventam a toponímia, 

esperam que deixem de preencher 

ao paradeiro dos vivos.

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