Descubro as cortinas do avesso
e dos pespontos do olhar
elevo o céu um degrau acima.
As miragens não sucumbem à respiração
nem a maresia se acastela nos braços ávidos.
Se a praia disser um segredo
que fique por conta dos sortilégios
das obras inacabadas que dão nome
à má engenharia.
A deserção dos lugares não os diminui.
Nem os lugares desertados são má companhia.
Se os esteios não rangessem de medo
a areia seria a cofragem dos bravos.
Os compêndios ensinam
que não se fazem lugares
sem um punhado de bravos
os que arroteiam o terreno baldio
dele fazendo urbe bucólica.
No tira-teimas de uma ponte sobranceira
os senadores apessoados não deixam acasos soltos:
é deles a orquestra
e eles,
em circunstanciada generosidade,
aceitam povoar a toponímia com seus nomes,
mas só para memória futura.
As cortinas do avesso
deitadas sobre as placas
que reinventam a toponímia,
esperam que deixem de preencher
ao paradeiro dos vivos.
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