13.6.22

Tutorial

Damos sede ao corpo

no fogo que amanhece

por dentro da boca ateada.

As mãos desenham um mapa

ouvem os poros suados 

– os poros não extintos

no diadema da combustão.

Dos sonhos

dizemos serem feéricos

imperturbáveis

à espera de serem chão emoliente

e da seiva em levitação

ajuramentada

no compasso da lava irrefreável

a espreitar entre a penumbra.

 

Não mentimos ao desejo.

 

Mantemos os corpos emaranhados

na dialética sem tratado.

Cuidamos de ser

em nome próprio

deuses que tutelam todos os demais deuses 

– pois é alquimia que se agiganta

no entrelaçar dos dedos

nos corpos que se trespassam

em verbos singulares.

 

No espaço entre nós

não cabem milímetros intrusos.

 

A manhã já foi promessa

e materializou-se

trono acima dos tronos

de onde reinamos 

no idioma que por nós fala 

– nas sílabas do sangue ebuliente.

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