12.1.24

By the book

By the book:

as faianças 

não se perdem

no penhor,

as mãos congeminadas

são o fogo envaidecido

a tomada de poder

contra os estetas do medo. 

 

By the book:

ainda há manhãs sortilégio

um esboço do avesso do luar

a foz que arremete

contra o estuário. 

 

By the book:

suam as palavras

vulgarmente artesanais

o campo aberto 

onde secas se perdem as alvoradas. 

 

By the book:

arrumo a moeda fraca

o porquinho-mealheiro estilhaçado

agora com a alma à mostra

enquanto no adro

as vozes loucas deitam-se nas árvores

e as horas amputam-se de mastros

os imarcescíveis ecos da rebeldia 

povoando os versos inacabados. 

 

By the book,

dizias

porque queremos corrimões

bengalas contra a penumbra

um salvo-conduto num labirinto

as modas 

que se conduzem na anuência silenciosa

um muro sem limites

um desacontecimento que conspira

e nós

sempre

by the book

desaprendemos a liberdade

contra o ónus da segurança.

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