24.1.24

Conspiração

A bengala puída limpa a erosão do tempo.

conspira contra o futuro à margem do adro.

Se ao menos as rugas hibernassem

se o corpo não fosse um arcaísmo prometido

se a matéria do tempo não fosse volúvel

podia-se estancar a desesperança

que grita desde mares longínquos

audível,

terrivelmente audível,

enquanto a procissão dos vultos

se encaminha para o pântano sem nome.

Se ao menos o fingimento fosse boa moeda

e os tumultos que ateiam o sangue adormecessem

podia ser 

que o tempo não fosse o nome do medo.

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