23.1.24

Mau partido

Somos

as perdas a prazo

monumentos arcaicos na posse do medo

tiranetes escondidos debaixo de batinas 

a poeira acamada em cima dos calendários

um polvo privado de fala

e a voz entoada a relapsa tinta-da-china 

que ornamenta as páginas. 

Somos

arrependimentos sujeitos a arrependimento

traves de aço mortiças, 

pendidas sobre o precipício,

rapazes escolásticos que fingem decoro

a terrível orquestração que nos afasta dos eu

colégio de nuvens sem interior

a dançar desajeitadamente 

em cima dos copos vazios. 

Somos

aqueles que deixaram de ter 

remédio. 

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