22.1.24

Porta-chaves

São daninhos

esses bocejos esgrimidos 

a destempo.

Passas a mão atapetada

pelo cachaço das ideias

e esperas

que as ideias fruam

contra a indolência dos anátemas.

Sem a correria dos diplomatas do medo

ficarias à tua inteira mercê:

sozinho sem solidão

engenheiro de verbos invulgares

o cajado à mão

para despojares as banalidades previstas.

Não adornas 

no vago lado da corrente tempestuosa:

prezas o equador que faz a meação

e dizes

com a convicção de um condenado,

que estás a meio 

entre a estultícia e a consagração.

Desatas as mãos

só para saberes como são 

as pétalas da liberdade.

Encomendas a voz firme

contra os manuais da obediência

as litanias que somam rotina à rotina.

E dizes

(só para tu próprio ouvires)

que a maré vem cheia antes do anoitecer.

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