2.1.24

Junta autónoma da poesia

Escolhe um cantoneiro

um que esteja de atalaia ao asfalto da poesia

e tu, grato,

danças uma dança caótica

sabendo que é a desordem que rima

com a poesia. 

Antes da estocada final

roubas um marco geodésico

que mede a desprecisão da métrica

como tu medes o tamanho das peúgas

ou a volumetria do suor. 

De ti poderão dizer as coisas piores;

não te apoquentas:

as más profecias

são apalavradas nas tuas costas 

e tu dirás

que as costas não têm ouvidos. 

Quando chegar ao Natal,

não te esqueças 

da “lembrançazinha” 

(ah! o perfume às coisas pequeninas

ou a catedral da tão consagrada

pequenez dos costumes)

para o senhor engenheiro

que tutela

a junta autónoma da poesia.

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