Escolhe um cantoneiro
um que esteja de atalaia ao asfalto da poesia
e tu, grato,
danças uma dança caótica
sabendo que é a desordem que rima
com a poesia.
Antes da estocada final
roubas um marco geodésico
que mede a desprecisão da métrica
como tu medes o tamanho das peúgas
ou a volumetria do suor.
De ti poderão dizer as coisas piores;
não te apoquentas:
as más profecias
são apalavradas nas tuas costas
e tu dirás
que as costas não têm ouvidos.
Quando chegar ao Natal,
não te esqueças
da “lembrançazinha”
(ah! o perfume às coisas pequeninas
ou a catedral da tão consagrada
pequenez dos costumes)
para o senhor engenheiro
que tutela
a junta autónoma da poesia.
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