9.8.24

Azoto líquido

Sobre o rio

as asas abertas 

compõem o sonho. 

Os braços amarrados

adiam o cais

no provérbio ínfimo

que adormece a penumbra. 

Sente-se o coaxar

sob a atalaia dos nenúfares:

pela tarde

o hálito do diabo

será uma tortura, 

ninguém aguenta. 

Os lugares são metamorfoses

telas abertas aos olhares mudados

pelo sortilégio do tempo dúplice

(tempo-tempo e tempo-clima). 

Amarramos o olhar

a um mastro à prova de divindades

e compomos

com a diligência dos apóstatas

um hino pária que se esconde do escrutínio.

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