Sou
de mim
o luar escondido
verbo afeiçoado no lacre do dia
vulcão sem nome
que ajeita a lava furtiva
peito estuário à procura de cais
devastação que promete um arco-íris
miradouro
por onde entram os olhos plenos
poema inteiro dito no vagar das sílabas
cidade que se deita sem horas
navio sem ser mercante
entre as alvíssaras do medo dos navegantes
e a audácia dos inventores de lugares.
Sou
em mim
cada lugar tangido em demandas acesas
as pessoas que foram morada
as estrofes ainda à espera de vez
um inventário a esmo
os lustros contados de memória
o corpo onde o sol nomeia o paradeiro
um idioma à prova de regras
o general das desregras
em cerimónias sem destinatários
desfilando nas salas vazias
cortejando a solidão
ou
desafiando a solidão.
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