5.12.24

Frágil

O fogo bebe-se 

na língua boreal do estuário.

Aviva a cal que avisa o tempo

e todas as dádivas indivisíveis

no penhor da fala arrematada.

Às vezes

o relógio tosse

e as ruas estremecem

tão frágeis

como frágeis são 

as crias deixadas sós

no ninho à mercê dos predadores.

Há de vir 

a voz cordata

a mão que pousa serena

um olhar que se oferece integral

e da lua retiro a moldura da noite

um lampejo de luz

atravessando todas as cordilheiras

como se fossem 

corpos frágeis.

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