4.12.24

Tempestade sem nome

Dizia

as tempestades medem 

a força da ira sem freio

os rostos plúmbeos 

sentados sobre as nuvens

alugando a chuva abastada 

que se precipita 

democraticamente. 

Dizia

não se encolhe o medo 

perante os disfarces

deitando em cima da gramática 

a sua contingência

desapalavrando os dicionários

até que as pessoas 

não saibam dar sentido

ao que ouvem

e deixem de saber 

como inteligíveis são 

as palavras que das suas bocas ecoam. 

As tempestades salivam

uma amostra de caos

a imagem organizada 

de um lugar de Babel.

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