Ministro santo
que tutelas as pastas todas
enfeita quinze minutos da tua atenção
com framboesas diletantes,
poemas de água,
siracusas vertidas em águas lacustres,
lábios retocados com facúndia
e mostra
(em encenadas palavras
com o beneplácito de catervas de conselheiros)
atenção aos suseranos
em ditirambos não anotados
em versos roubados de esquecidas aspas.
Mostra-te
opíparo de tua personagem
mostra
como escondes a vulgaridade
mostra
como tens os plumitivos sob cordel
(em jeito de marionetas)
e prova
que os ineptos são senhores do mundo,
mostra, mostra, mostra
tudo à mostra!
Ensina
ministro santo
que a medíocre estampa
tomou lugar no mapa de tudo
e que tu
putativo santo ministro
assobias vacuidades
aclamadas pelo séquito como naco de ciência
e ostentas obesa vaidade
típica vaidade de quem se sabe meão
e disfarça a condição
sob o opúsculo da vaidade.
Podes ser ministro, santo
ou santo, ministro;
mas deixa-me que diga
que não sou pasto para os teus ardis,
ministro farsante.