27.5.18

Ardina

Do pé para a mão
na boca da escuridão
sofre a carpideira
por ausência de choradeira.

Ainda perguntaram ao engenheiro
se não caiu no banheiro
ao que o troglodita desmente
com um sorriso benevolente.

O cavalo velho faz seu pasto
no jardim onde não há um casto
e o edil cavalga no pedestal
sem contar com o sujo avental.

Mais tarde, na cortina do nevoeiro
nas pontas de um ardina besteiro
veio um touro enfezado
desferir feridas no seu conto irado.

A donzela arrepiada
não conteve o seu ar de fada
e bebeu num trago a larga cerveja
desmentindo o pergaminho que a beija.

No poço do inferno
o coreógrafo fraturou o esterno
disse o aspirante a mentiroso
na alvorada do discurso asqueroso.

Não era grande o mal que vinha ao mundo
entre tanto homem infecundo
pois eram lentes embaciadas
que contavam histórias desairadas.

Eram três os juízes encartados
e todavia peritos em serem distraídos:
prouvera quem neles confiou
que o bom juízo se desafiou.

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