A parte de um todo
nascente
desdiz o equinócio vespertino
e traduz em aplausos
a válida interpelação.
Afivelem-se deduções
como as laranjas que medram na primavera:
os embaraços
são fulgurantemente demitidos
sobrando o chão inteiro
à mercê dos pés que o querem ler.
À parte de um todo
em pleito desigual
os braços terçam lugar contra as marés;
o todo é desimportante
na fecunda indução das estrofes sem rumo
por saber
que o saber não se sabe.
No mais alto miradouro
nada é o que vemos da varanda sobranceira
(e não é por haver um teto de nuvens
a servir de chão).
O modo aristocrático em desuso
ensina:
desliguem-se os nós da teia dos pergaminhos
que não passam de incenso sem fogo
de um esplendoroso sol despojado de cores.
Há vozes estridentes
ensaiando seu máximo ruído,
o silêncio
sepulcral e capazmente sibilino.
O todo estilhaçado nas suas muitas partes
perdeu-se num mapa sem sextante.
Dos escombros
uma miríade de partes
desligadas umas das outras
intencionalmente desligadas
na fruição de uma soma
maior do que o todo anterior.
As múltiplas partes gravitam
no sedoso esculpir
das palavras desarmadilhadas;
tudo se congemina na fábula da perfeição
enquanto os paradoxos dão leite ao pensamento
e das bainhas dos sobressaltos
não se sabe paradeiro.
Chove lá fora.
As mãos molhadas
recolhem um pedaço de terra molhada.
As mãos empapadas
libertam a terra entre os dedos.
Não haveria melhor metáfora
da transfiguração do todo
nas suas múltiplas partes.
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