7.5.18

Casa da chegada

A casa 
sem fronteiras
sem telhados vãos
sem veios apodrecidos
a casa acesa
alpendre em espera
a casa do verbo falado:
da infinita alvenaria
o ósculo viveiro
conferindo a cal sobre as paredes
no astuto olhar desembaraçado.

A casa
nascente do amor
e seu estuário, também:
fluxo circular
vitral marmoreado
centelha que se empresta aos corpos
com o jardim por perto
as flores silvestres selando a paisagem
a casa 
onde se entrelaça a alquimia com o nosso suor.

Da casa em congeminação
à casa sonhada
à casa havida
à casa 
com os corrimões
compostos pelo ouro das nossas mãos.

A casa 
pátria dos deslimites
terraço de identidades desenhadas
os fragmentos colhidos do chão
os murmúrios reservados pelas paredes
santuário dos dedos que afagam os lábios
na boca sedenta
no segredo da janela sobranceira ao mar. 

A casa
património do mundo
e o mundo
em sua devolução
resumido à casa fortaleza
onde se ciciam os verbos fecundos
e as palavras sabem a framboesa.

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