1.5.18

Algodão doce

Imagino 
os corredores brancos
de um labirinto escasso
como escondem dos rostos os garfos gastos
como são hinos madrigais
ejetando balões coloridos para o céu
em contrafeitos esgares matinais.

Imagino
as doces palavras rimadas
os lábios ávidos de as dizer
as espadas despojadas
os moldes da perfeição impossível
os arbustos imersos na neve fresca
os intermináveis beijos quentes
a cama à espera dos corpos
e um compêndio de desejo
subjugado ao vulcão torrencial sob a pele.

Imagino
como são dóceis as crianças
os seus jogos não florais
a querença sibilina
o perjúrio dos chacais
e a habilitação dos tutores das almas
contra a desfeita dos deuses.

Imagino
como não haveria viver
sem o entardecer sobreposto ao mar
e um lugar ao lado meu
que é o lugar teu,
num uníssono apalavrar.

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