Vejo ao fundo a clareira.
Esbracejo um lenço de neblina
até à medula das rochas
até ao musgo inacessível.
As mãos
que servem para o adeus
colhem os frutos da ternura
na ossatura funda
onde se embainham os sentidos.
As mãos
seguram esteios
são os próprios esteios
de árvores fundidas no ocaso
bebendo a água fria
vertida desde a alta montanha.
Ao longe
cavalos nómadas espreitam o entardecer
e a neblina retoma seu lugar
no lenço de veludo
de novo aninhado em seu bolso.
Da clareira ampla
uma reentrância escondida
cetro basilar dos segredos por contar.
Na clareira
onde se preciso temos o húmus
vamos
a despeito do tempo
contra o imperfeito desenho das palavras
contra a síntese dos ardis disfarçados.
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