Raspei do chão
o orvalho magnânimo
o rosto suado em estiva impensada.
No dealbar da seara
onde os pontos cardeais se fundem
vi o ocaso repetir-se três vezes seguidas:
os corvos assisados
em guturais ciciares
desenhavam com seus planares
as coordenadas do anoitecer
enquanto esperava
(em vão)
por uma lua candeia.
Um velho andrajoso advertiu:
“não será má ideia
olhar para o almanaque”.
Considerei tudo aquilo postiço.
O orvalho
o rosto suado
a seara
os pontos cardeais
o ocaso
os corvos
os voos coreografados dos corvos
o velho andrajoso
(de mão dada com sua repulsiva advertência).
Só a ausente lua
não era postiça.
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