18.4.18

Armadura

A varanda sozinha
os pássaros cantando sobre a falésia
o mar esfaimado, majestoso.

A aurora boreal entronizada
o frio à espera de fogueira
os corpos sedentos um do outro.

As pálpebras a ciciarem
as flores milimétricas
o labirinto com chave fecunda.

A profecia sem tempo
um relógio parado
o rio caudaloso.

As cortinas de árvores
o peito aberto aos contratempos
a ilusão que medra na bússola.

As lágrimas contidas
o desejo sem freio
a carne em combustão lenta.

Os dedos amaciados
o rosto enrubescido
as janelas marejadas no entardecer.

As páginas sem sentido
as noites púrpura
os pueris cadernos em safra repetida.

As asas silenciosas
as ruas desertas
a amálgama de contraditórios.

O chamamento com data
a candeia levitada ao longe
as trevas que se insinuam.

A recusa do impossível
os ossos duros
a obstinação do ar recebido.

Os despojos das ondas bravas
o rosto amolecido pela espuma desfeita
uma página dobrada presságio da seguinte.

E um quadro bucólico
as linhas descendo em sua suavidade
e uma prece dizendo oxalá.

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