Jogam-se as personagens
num tabuleiro em forma de palco
jogam dados
na muralha das probabilidades
no encanto simulado dos fingimentos.
Um sacerdote dos costumes
denuncia a encenação.
Em palavrosa retórica
esgrime a boca rota dos ardis
a dança de fingimentos
os castelos decadentes
onde transigem os bacantes
os embaraços que aproveitam aos prazeres
como se distorce a luz à medida dos pretextos
o fértil apascentar de frívola matéria
a língua que desaprendeu o idioma
(e o idioma que deixou de ser língua)
a desindústria de tudo,
os destroços dos tempos
em sua arcada derradeira
as trevas disfarçadas de centelha
e
(que impropério da retidão!)
a lascívia dos corpos
fundidos no arpão do desejo.
Veio mais tarde ao conhecimento:
o sacerdote dos costumes
participava na encenação.
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