29.4.18

Relojoeiro

O relógio treslido
o relógio parado:
a reinvenção do tempo
o magma irrompendo da pele
o invulgar atapetar das palavras
o amanhã desagrilhoado. 

O relógio bastardo
o relógio perdido:
a tenaz justaposta à cortina
o improvável desaviso da maré
um navio com as medidas por tirar
o retrovisor estilhaçado pelo herói sem vão. 

O relógio da igreja
o relógio pregado:
a pele rasa no murmúrio de um ribeiro
o cobre gasto no alpendre
o entardecer envelhecido
o deslumbrante desemparedar do luar.

Sem comentários: