Saio de mim.
Vou pelos arruamentos
onde se enquistam molduras desiguais
os estruturados lanços
do que meu olhar não contempla.
Revisto cada enseada
talvez as areias molhadas invistam
o puro sinal das diferenças
e então
na companhia dos navios em redor
sinais de fumo venham ao estuário
onde escondo a solidão.
Descubro os incomparáveis lugares
que fogem da penumbra
e noto
pela primeira vez
que me consigo ver por fora de mim:
vejo uma figura;
parece a distorção de um espelho
um passo vadio contra as varandas pueris
os contrafortes dos lagos intrínsecos
um chapéu sem medida
a medula funda nos ossos húmidos
palavras entoadas num viveiro oriente
propositadamente despojado de armas
o peito nu dado ao imponderável inverno
armadura sem doenças inventariadas.
Não soube dizer
se ao ver-me por fora de mim
o vulto era eu em reconhecimento
ou se me vi como estranho
(de mim mesmo).
Não consegui tirar fotografia.
O aparelho ficara escondido
no fundo da minha alma.
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