Trovas modernas:
o tempo não tolera a letargia
e os seus argonautas
(como se cavalgassem
nas amarras de um relógio)
insubordinam-se contra o vazio.
No fundo
exoneram a história
projetando-se para o fado que é incógnita
(menos o sê-lo,
quando chegar seu apeadeiro).
Enquanto esperam
esculpem o tempo que vem parar às mãos:
as modernidades sucedem-se
com a mesma voragem
dos dias sucessivos.
Na lente baça da desmemória
(entretanto cultivada)
de tantas trovas modernas
já não mantêm inventário
dos modismos em acelerada substituição.
Às trovas modernas
o património da desmoda:
todas decaem no seu fulgurante emudecer
o passo cedendo
a outras por sua vez efémeras.
Até se chegar ao nirvana:
é moda
não estar em moda.
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