Quanto custa um anjo?
Deixemos para a contabilidade dos faraós
o exato valor das extravagâncias
e a nós sobram os deleites em agenda
(e os que dela estão ausentes).
Quanto custa o sonho?
Um módico de sono
e a imperturbável feição de um anjo
não sobressaltando o olhar resguardado
não incomodando o arquétipo do sossego.
Quanto custa um deputado?
Um sonho mal adestrado
mal passado pelas águas de um pesadelo
em ativa fúria colorida
na paleta dos soluços tonitruantes.
Quanto custa um palco pomposo?
Um opíparo manjar ao deputado
um manancial de pós que endemoninham
uma odalisca curvilínea
uma sinecura ainda mais honrosa.
Quanto custa a tela negra?
Um palco sem fundo
um palco dançando nas águas indiferentes
no cinto afivelado da destemperança
no oráculo vaiado pelo pretérito (ancoradouro).
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