25.6.18

Carta registada com aviso de receção

Os lábios não pedem água 
– pedem beijos
pedem
todo o impudor e relíquia.

As mãos não estão atadas 
– terçam os versos fadados
terçam
toda a fecunda maresia.

O corpo não decai 
– é um pendão imarcescível
é um cais à espera de navio.

Os olhos não fingem 
– sorvem a água fria
sorvem
até as lágrimas assim enxutas.

A boca não emudece 
– corteja as cores sem paleta
corteja
todas as paisagens amoedadas.

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