12.6.18

Corpo mutuado

Aliso os veios
que vêm da parede
e se encostam ao meu corpo.
Desde há muito
não sei o que é sangrar
dos nódulos que são fonte de dor.
As baionetas depostas
figuras circenses de um arqueológico lugar
assinam a diferença dos tempos.
Figurantes
fazem fila de espera
pelo soldo prometido.
Pelo soldo
de fazerem de conta a qualquer coisa
na habitual encenação diária
o jeito para a contrafação
a argamassa deslaçada que se desprende
das mãos desatadas.
A coreografia está desenhada no mapa.
Junto metodicamente os dados 
e atiro-os com força 
contra o estrado onde se jogam os figurantes.
Desconheço as consequências.
Não sei os números 
depois de os dados parados.
Não importa.
Levanto o olhar
para onde me apetece.
E do entardecer
recolho em minhas veias
todo o sangue desatado de anteriores sangrias.
Agora
sinto que sou 
totalidade.

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