3.6.18

Palavra de honra

Palavra de honra
que honro a palavra
até quando vem com o sal desbotado
até quando chove sobre a chuva
na intemporal arcada sobre o chão,
palavra de honra.

Palavra de honra
que a palavra é de honra
sem a degenerescência do azedo
sem a litania dos absurdos
perfilhando as modas sem arautos
perfumando as linhas com néones,
honra à palavra.

Palavra de honra
que é de honra a palavra
e não minto às mentiras
nem digo verdades às verdades
(nenhum delas precisa da redundância),
palavra à honra.

Palavra de honra
na honra apalavrada
e nos juramentos transidos pela honra
que descreio nelas
(palavras)
e talvez não estejam conjeturadas
em seus pergaminhos
(da honra).

Mas isso sou eu
censor da bolorenta objetividade
capataz das provocações lineares
amotinado contra as grilhetas dos sentidos
em imerso copo de águas barrentas
sem saber o que elas escondem
sem saber que desonrosas 
são as palavras juradas à honra
e que de honra é qualquer palavra que seja
não interessa a sua autoria
não interessa o mensageiro
desde que sejam ditas
na penumbra do silêncio
e por elas
(palavras de honra
e as outras, em antinomia)
o silêncio
em sua densa raiz quadrada
seja palacete.

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