Como um cascadeur tresloucado
o ímpeto a transbordar de suor álgido
em sua cegueira determinada
na exibição genuína de demência
antes de levar o sustento para casa.
A multidão extática
aplaude as reviravoltas ensandecidas
fica quase sem respiração
no fio da navalha do cascadeur.
A multidão
aprisionada num paradoxo
pois sobe-lhe o coração à boca
ao ver o cascadeur beijar o precipício
mesmo sabendo que a função
está milimetricamente nas suas mãos.
A multidão
consagra um herói
mesmo sabendo que não é.
Tanta a condescendência se pôs na função
que só um petiz de quase bueiros
notou:
o cascadeur
traz peça de feminina roupa interior
negligentemente espreitando
desde a fatiota de herói
e ninguém
(a não ser o petiz franzino)
deu conta.
Logo se descobriu
(em descoberta tardiamente selada
pelo então petiz franzino)
que aos heróis tudo se perdoa
(até os lascivos desvios dos cânones);
ou então
os cascadeurs
conseguem anestesiar as hordas.
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