Sem calhar
arregaço as mangas.
Lido com as sombras.
Teimo.
Teimo
por dentro da teimosia
em simulacro de heresia
que não tem lugar próprio.
Se calhar
pretendo ser limão
em água sem nome.
Consumo as trevas.
Respiro.
Respiro
com a sofreguidão do desejo
no triunvirato alheio
desde o palco sem luz.
E noto
o voo desassisado dos pássaros
a relva a crescer,
anotando os milímetros que cresce,
a clepsidra encerrada
o amanhã titubeante
o gato deitado no tapete
as horas a desoras
e a honra da humilde condição,
meã.
Se calhar
convoco as páginas ao lustre valioso
canto hinos sem país
invisto nas ações em desperdício
fujo das fugas remediadas
e consumo
na vivacidade de meu peito
as palavras avulsas que sobem à boca:
gastronomia
piano
tábua
cotovelo
melodia
manhã
desassombro
sofreguidão
maré.
Sem calhar
dou comigo num lugar
e pergunto ao lugar
pelo lugar que é
talvez sem saber
que o lugar não guarda
vestígio de um nome.