Jurou
tirar as medidas à noite
mas ficou refém do sono.
Escolheu
a bondade como tributo
mas foi corrompido pela vingança.
Assinou
na lombada da verdade
mas murmurou ao ouvido do dissídio.
Contemplou
a paisagem desde o promontório
mas o olvido dos óculos foi contratempo.
Admirou
o sorriso perene da atriz
mas desfilou sorumbático.
Prometeu
um mar inteiro de generosidade
mas abraçou-se à avareza ao primeiro sopro.
Tirou
ao sol o sal ávido da vida
mas transigiu com a melancolia.
Confirmou
a obnubilação dos vícios
mas não pesou o fardo da retórica.
Adiou
pesares tidos como inúteis
mas fechou a porta à jovialidade.
Assentou
a diferença no livro de registos
mas rasgou a página (e não por distração).
Abrandou
os dias dantes céleres
mas não deixava de indagar o relógio.
Vestiu
farta roupa para a invernia
mas foi colhido por um soalheiro dia de verão.
Aprendeu
que juras solenes
acabam na consagração do seu contrário.