28.9.18

Sublime


De noite
sou o suor 
dos meus sonhos. 
A transparência
de paisagens sem contornos.
O bálsamo sem dores. 
Confio
nos versos avulsos
no velado sono. 

De noite
não respondo
aos ascetas encomendados. 
Retiro
as vírgulas
dos nós no meio das orações.
Retiro
todo o agravo
nas sílabas à boca levadas. 

De noite
levedo o pensamento.
Sem ónus nem equação. 
Nada hipoteco
na véspera de o ser
a conselho da maré promitente. 
E junto
com as mãos já não trémulas
as pilhas de páginas amontoadas.

De noite
refrigério do silêncio
arremato a doçura da manhã.

Sem comentários: