Rasgo o inverno
no interstício da noite,
plausível maré dos dias soalheiros.
Não será por ser pálida
a luz timorata,
embaciada em seus limites
por uma lágrima do mar.
À janela do porvir
bebo do cálice cheio
a maresia quimérica.
O solstício pode esperar:
ajuramentados estão os dias maiores
e a alvorada não demora
na intempérie do sono.
Depois de rasgado o inverno
um galope tonitruante
(sem dar conta do calendário folhear)
enfeitado por relâmpagos primaveris
e o estio espera na soleira
em sua insuportável demora.
Antes não tivesse
rasgado o inverno.
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