Adia-se o adeus.
A casa-tribuna não arde
e nem o colostro se perde
na elegia dos pares.
Adia-se o adeus.
O testamento sem páginas
cobra do tempo
o viveiro das aldeias de pedra
e nem caminhos iridescentes
pontuam a destempo nas folhas vitrais.
Adia-se o adeus.
No imorredoiro amplexo da vida
sem o temor angustiante
sem os contumazes patriotas das trevas
sem esculturas esventradas pela ferrugem.
Apenas se adia o adeus
porque a palavra se esgota no seu sentido
e a marmórea tela agasalhada
ensina
que a palavra adeus é vazia
um deserto sem lugar assinalado
a vertigem sem fundo.
Adia-se o adeus.
Porque não há mister
de adeus dizer
e do adeus não sobram
as saudades fundidas.
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