17.9.18

Chocolate negro

Nos termos do mandato:
enfarpelando fatiota de cerimónia
num apessoado estatuto
a eloquência a bolçar das veias
o aparato da importância subindo ao nariz
e a batuta hasteada no tempero da ralé.
Um educador.
Exemplar.
Gosta de saber que é exemplar.
O soporífero que ampara o sono.
Eis que desfila
donairoso
entre as plumas dos pares
mas ele
primus inter pares
dúctil referência
reverenciado como convém
aos penhores das medalhas de si mesmos.
Faz lembrar aquele cão
nos desenhos animados 
(Muttley, julgo ser sua graça)
que levitava de êxtase
de cada comenda pespegada ao peito.
Quando aterrava
nem a anestesia das medalhas
aplacava o fragor da queda.
Do canto aqui recolhido, 
uma sugestão no epílogo da generosidade:
organize-se lauto repasto em sua honra
movam-se as influências
(as possíveis e as fora do alcance)
para engrossar o numeroso exército
dos agraciados no dez de junho. 

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