Esta é a pior estrada possível.
A recauchutagem desqualificada
penhor dos piores instintos
a sublimação de todos os males
o correio que não se espera.
Esta é a pior estrada possível.
O degredo metaforizado.
O inalcançável vulcão que respira o enxofre
– e se alimenta de enxofre –
no biliar enxovalho das palavras
que descem a sub-idioma
a decadência que se não esconde
sem lugar para esconderijo.
Um extravio,
Esta que é a pior estrada possível.
e, contudo,
é a estrada com mais trânsito
a estrada que apetece parafrasear
saciando as vírgulas e os parágrafos
a pontuação inteira em seu melífluo pesar
por anacoretas fingidos de aristocratas.
A estrada.
A pior possível.
Um desfiladeiro sem opção
no ermo lugar a que se aconchega
nas varandas escancaradas ao luar
onde não sobem lobos esfaimados
nem criminosos do pior jaez:
só os persistentes viandantes usam a estrada
– a pior estrada possível –
em estados lastimosos
nauseabundos
o pensamento sem paradeiro
húbrisdesapalavrado nas esteiras sem sol
em movimentos sísmicos
convulsivos
e choros de lágrimas fluentes
que são afluentes de rios caudalosos.
Esta é a pior estrada possível.
A pior possível.
A barreira sobreposta ao olhar
algema que aprisiona as mãos intimidadas
verbo proibido no cancioneiro das falsas fadas
uma espada sem comiseração
crispada sobre o dorso condoído
a punção perene das angústias sem finalidade.
A pior estrada possível.
A inevitável estrada.
Comum.