Sabia de um navio fantasma
que dormia nas minhas mãos.
O navio
fugia dos faróis.
Não temia as marés iracundas
as tempestades impulsivas
os piratas que desrecomendavam os mares.
Estava nas minhas mãos
em seu sono protegido.
Era fantasma,
o navio.
Não tinha nome
nem se lhe conheciam registos oficiais.
Por ser fantasma
descuidara-se de tripulação.
Vogava no sentido dado pelas minhas mãos.
Não precisava de bússola:
o seu sono,
em minha tutela,
sob a jura da minha janela,
era o sextante suficiente.
Por ser fantasma
não estava a jugular sob a mira da destruição.
Era como o meu sono
uma constelação de idiomas perenes
o complexo enredo
desembraçado das teias milhentas
em que se decompunha.
E o meu sono,
dantes povoado por navios fantasmas,
navegava a preceito
no zimbório de onde está de atalaia,
resguardado de fantasmas.
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