9.7.19

A manhã e a maré

Deixei que a manhã 
tomasse conta da maresia
em sucessivas camadas de nuvens 
– diademas graciosos sem epílogo.
E nas contas da manhã
entre equações sem paradeiro
e vozes sem nome
dela tomei as rédeas
e somei-me
à aventura do mapa por desenhar.
Talvez fosse a manhã
a arquiteta do mapa por congeminar;
ou talvez a manhã
estivesse à espera de instruções
de um fogo por atear
na maré nascente que se parecia purificar
nas arcadas da paisagem
ela, 
por sua vez, 
debruçada 
sobre o leito seco do mar.
Deixei que a manhã fosse aviso
a cautela por vezes remediada
e resgatei do peito
os versos que ficam sempre por acabar.
Dei-os de volta à manhã
que se fundiu com a maré
e juntos partiram,
as suas silhuetas sumidas 
no ténue fio do horizonte,
sem mapa que os desenhasse
sem nada
a não ser o sangue siamês
que passou a ser uníssono. 

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