3.7.19

Sal

Naqueles loucos tempos
fugíamos dos guarda-freios
os corpos 
dependurados na retaguarda dos elétricos
enquanto os rostos eram corridos
pelo vento contrário.
Sem darmos conta de tão frágil condição
desaprendemos
que na adulta idade nem sempre assim é:
a ilegalidade fica tantas vezes na sombra
e os seus fautores não perdem o garbo
e ensinam probidade a quem os escutar
(muito certamente para as atenções desviarem).
Desaprendemos a loucura,
também,
na exata medida da legalidade. 
Perdemos um certo sal
que a irresponsabilidade impedia de notar. 
Hoje
continuamos no cálice da retidão
às vezes esperando por um acesso de loucura
ou apenas que o corpo dê conta
de uma salina.

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