Passavam juntos
no cais sobranceiro
de onde estava hasteava o odor à maré baixa.
Havia pegadas no lodo
alguém que não se intimidou
com a brisa pútrida e o chão enlameado.
Um barco
(possivelmente abandonado)
estava ancorado sobre o lodo
inclinado sobre o lado direito,
como se começasse a ser inaceitável
o peso do seu casco deitado sobre terra.
Podiam especular
sobre o proprietário da embarcação
ou sobre se aquele
era o retrato do melancólico fado do barco.
Seguiram o caminho
sem pararem do dorso da especulação.
Ali à frente
já era o mar;
o rio entrava pelo mar
sem se dar conta,
fundindo-se em seu estuário largo.
Ao menos,
do mar não sobrava um odor pestilento,
que cedeu lugar à mirífica maresia.
Era toda uma metáfora,
em seu pleno acabamento:
o outrora rio,
indomável por milhas a eito,
quando se esculpia
entre o granito do desfiladeiro contínuo,
fundia-se nas águas majestosas do mar,
devolvido ao anonimato.
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