A muralha das pedras macias:
compõe-se a gramática
na véspera da véspera
onde se enfeiram os dias de verão.
Este é o bicéfalo pesar
uma cortina esfarrapada
que não esconde os lamentos
e se antepõe aos apodrecidos recônditos
onde se podia envergonhar a alma
e vomitar a dissidia.
Contudo,
é uma banda desenhada,
pueril como são as bandas desenhadas,
que missiona os cândidos sepulcros
onde a palavra se esconde de sua nudez.
O chão amarelecido
não é um tapete vetusto
venal condição dos senescentes,
desenganados de profecias sem verbo.
Na maré que está
as varinas emudecem-se
e nem as sereias
(acaso as houvesse)
seriam contempladas com um ciciar.
Por dentro da letargia
as muralhas não apodrecem
nos dedos das teias de aranha.
No interior de suas paredes,
amurado,
o pressentimento da véspera da véspera
quando as crianças pródigas riem sem parar
e ficam a saber
não antes do tempo
que quando crescerem serão menos risonhas.
Não lhes levará o sono
para paradeiro sem morada,
a revelação:
entretidas com a boémia
encomendam ao contumaz porvir
essas dores que terão
então
direito de admissão.