9.8.19

Consternação desenfreada

Alguém disse,
em jeito de alarmada advertência: 
tiraram as pestanas ao algoritmo. 
Subiram as lágrimas 
talvez furtivas 
aos calcanhares dos bispos 
e os clérigos afocinharam os cotovelos
nas praças vazias. 
Uma equação 
bateu com o focinho no emparedado 
quando soube da avaria do algoritmo. 
Nesse dia 
fez-se constar
que os matemáticos estavam distraídos
(talvez
em conciliábulo com o clero) 
e não puderam sondar
a roda dentada onde se dissolve 
o peito sem mágoa. 
Se ao menos 
pudessem os dedos cantar; 
seria a música a figura de estilo 
dos contumazes? 
Enquanto o algoritmo
continua em paradeiro incerto 
as páginas enchem-se de especulações. 
Tomara que os matemáticos 
voltem a marcar terreno, 
assim como fazem os gatos com cio.

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