Espero na passagem de nível.
O pólen adeja sobre quem espera
numa leveza que parece feita
de flocos de neve.
Ouço um tonitruar.
Não são as carruagens
em seu metálico cavalgar.
Podia ser um trovão;
o céu intensamente azul
aconselha a não considerar a hipótese.
Podia ser alguém
impaciente pela espera,
vociferando.
Podia ser o rumorejo de uma romaria
não distante.
Podia ser um marujo
em seu pranto de desamores.
Não tenho pressa.
Um diamante em bruto
está de atalaia em casa
e eu sei que sou feito de ouro
por saber que está no pedestal
de que sou curador.
O comboio demora-se.
Não tenho pressa
pode demorar o tempo que for.
Já soube de vésperas passadas
que a impaciência é improfícua insurgência
o mal tenteado esboço de um nada.
Não cheguei a saber
a que sabia aquele estampido.
Não interessa:
existe um lugar
com as palavras à minha espera.
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