Fora de horas
ajeito o cabelo na rima da maresia
e dou às vezes sem vez
sua oportunidade.
O forasteiro desejo não se esconde
do palco sem inventário
e sei
que entre o dia e a noite
se sufragam os sonhos nem sempre malditos
as luzes desembaciadas
o insólito murmúrio do vento desamparado.
É fora de horas
que me sinto,
muitas vezes.
Não significa
que esteja a destempo
ou
que no mistério dos calendários
seja destemperada medida.
As sílabas amontoam-se
contra os pesares inúteis.
Desenganem-se
os cultores da comiseração,
que aqui não têm praça:
a última coisa que seria admitida em ata
era a gratuita dor em forma de sangue vertido
o justo convocar do eterno,
o mirífico
inacessível.
Ninguém definiu
que os sonhos eram proibidos.
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