6.8.19

Instalação

Fora de horas
ajeito o cabelo na rima da maresia
e dou às vezes sem vez
sua oportunidade. 
O forasteiro desejo não se esconde
do palco sem inventário
e sei 
que entre o dia e a noite
se sufragam os sonhos nem sempre malditos
as luzes desembaciadas
o insólito murmúrio do vento desamparado. 

É fora de horas
que me sinto,
muitas vezes. 

Não significa 
que esteja a destempo
ou
que no mistério dos calendários
seja destemperada medida. 

As sílabas amontoam-se 
contra os pesares inúteis. 

Desenganem-se
os cultores da comiseração,
que aqui não têm praça:
a última coisa que seria admitida em ata
era a gratuita dor em forma de sangue vertido
o justo convocar do eterno,
o mirífico
inacessível.

Ninguém definiu
que os sonhos eram proibidos. 

Sem comentários: