Curto-circuito na noite.
As trevas capitularam
indefesas
perante a bucólica luz
em erupção.
Não havia ninguém para ser
zelador da noite.
Quase órfã
esticou-se ao comprido
no silêncio pedido de comiseração.
Os boémios não estavam atentos
(viviam a noite por dentro da noite,
não deram conta do seu esgotamento)
e os demais estavam reféns do sono,
não podiam acautelar as dores da noite.
Alguém pressentiu
que a insólita luminosidade
era a vaga a que tinha admitida
a noite branca,
já não exclusiva de paragens nórdicas
Também estavam possuídos pela quimera:
mal o verão se foi consumindo
em sua outonal decadência,
logo a noite recuperou o seu viço.
Já era outono
quando alguém interpelou a noite
querendo prestação de contas
pelas tristes figuras
quando a noite covardemente pedira
comiseração.
Desviou a conversa,
a noite,
sem coragem
para admitir as suas fragilidades.
Sem comentários:
Enviar um comentário