É no caderno diário
vertido em verbos válidos
que deixo o aroma do dia.
A combustão dissolvida
nas lágrimas que ficaram por verter
e um corpo cheio de água
transbordando.
É no caderno diário
em verbetes desalinhados
que costuro a usura com os dentes
e às juras deixo uma estrofe só
no parapeito da decadência.
No leito da ternura
enquanto se afagam os corpos
conto as estrelas que se deitam no teto
o mote exemplar da entrega desobediente.
E anoto
no caderno diário
o pulsar incandescente
as veias combustíveis
o sangue vulcânico
enquanto ponho em espera
as imagens transversais da memória.