Pleno.
O corpo sem peias
atira as tergiversações
para a santuário do obscurantismo
e congraça
com o olhar límpido,
despejado,
a matéria-prima fecunda
pura
contra a serventia aos suseranos
e a indelicada forma de ser
dos que penhoram a gentileza matricial.
O barco não perde o rumo
não afunda no mar argiloso
e as palavras não se perdem
num campo sem nome nem norte
sem poente.
Tudo se aviva no céu da boca
entre árvores avulsas e o avesso do medo
seguindo
as rodas dentadas derretidas nos dentes
modestas sinecuras não empossadas,
os vítreos chacais
perdidos no inventário do mar.
A boca insaciável
murmura
os versos costurados no acaso da noite
e não há notícias de luar
não há notícias
de gente tresloucada vinda dos arrabaldes
na insubmissão dos oprimidos.
Sinto o corpo pleno
como se nem rugas o afeassem
e estou preparado para o equinócio
sem me parecer que o plano se inclina
em direção oposta.
Mostro o sorriso
contido
(para não romper um hábito)
e sabem-me as pessoas
inteiro
por não trazer à boca
palavras sem agrado
pessoas deitadas no olvido
memórias destinadas ao não paradeiro.
Pleno
com este sol à porta
e o mar inteiro
na embocadura
de meu corpo.
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